quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

baiano preguiçoso

Eu queria mesmo é ser um baiano preguiçoso. O das novelas, o dos ditados populares, o das redes sociais, o do senso comum de milhares de pessoas sem apreço nenhum pela vida. O baiano vagabundo que tanto falam por aí: tomara que ele exista. Ou que alguém realmente o invente. Eu gostaria de sê-lo, me tornar esse alvo dos preconceitos, inimigo do progresso, a antítese da boa moral. Um dissimulado baiano que não dá lucro aos que tem poder, e nem vende seu suor em troca do enriquecimento dos dignos senhores que infelizmente não são tão preguiçosos assim.

Mas vejam bem: só quero se for do tipo bem preguiçoso, que fica deitado em sua rede o dia inteiro, sustentado no ar pelas suas divindades tropicais. Que em meu corpo reine apenas o compromisso com a felicidade, com a pura alegria da vida que se renova por si mesma. E que em todo fim de tarde eu, baiano preguiçosíssimo e sem vergonha, admire com preguiça o fraco sol que o tronco do coqueiro rasga em dois. E que, nesse belo horizonte, eu reconheça internamente que o gozo da vida não é uma recompensa pelo trabalho prestado; é um presente da natureza.

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