domingo, 18 de julho de 2010

A arte de escrever um texto descompromissado sobre si mesmo em 5 minutos e publicar num blog como se fosse o máximo

Abro os olhos. Estava quase morrendo. Perseguição tremenda, meus amigos estavam no meio - que amigos? Tinha algo com minha mãe também. E carros; nunca consegui dirigir carros direito em sonhos. Fogem ao meu controle como água que passa pelos dedos. Só consigo controlar carros nos sonhos dos outros. Um amigo meu um dia sonhou, também era uma perseguição e eu era um ótimo motorista, excelente nas manobras. Coisa estranha. Olho pro lado e lá está meu rosto, olhando pra mim mesmo com cara de sono. Que susto! tô dormindo ainda? Ah, é meu espelho de corpo inteiro que fica ali do lado da cama sempre, gosto de me olhar quando acordo. Sinto-me bonito, não sei. A gente quando acorda é lindo. Eu e os outros. As pessoas são maravilhosas quando acabaram de sair de um bom sono. Sei que ninguém concorda comigo, as pessoas costumam se sentir amassadas demais ou o quê. Bobagem. Coisa linda de se ver. No amor, a coisa mais deliciosa é acordar junto. Dormir é fácil, mas acordar junto exige muita afinidade e é uma cena bonita para os olhos. Massageia as minhas córneas, ai córneas, tenho aflição de córneas. Imagina um transplante de córneas? Deve doer, mas pensando bem: melhor do que ficar cego. Visão é coisa que não dá pra ficar sem. Imagens. No fundo tudo é imagem, empírica ou não. Enfim, enfim, adoro acordar, gostaria de fotografar pessoas despertando. Fazer um grande álbum e mostrar pra todo mundo, seria ridículo mas tudo que é ridículo na pós-modernidade acaba sendo genial, um bando de idiotas babando ovo e oooh, que grande conceito! Desconstrução, subversão - qualquer coisa se torna isso. Só manipular a própria interpretação. Mas o que eu tinha sonhado mesmo? Tinha uns amigos, uma mulher... era minha mãe? Porra, é sempre assim. Maldita cabeça que não pára, tic-toc-tic-toc, esqueço todos os meus sonhos. Vou fazer um diário de sonhos. Dizem que é bom, mas também sempre digo que vou fazer e não faço nada. Tô com fome. Vou levantar. Já esqueci o sonho mesmo, e meu rosto no espelho já começa a tomar formas mais normais. Não estou mais tão bonito. Mas será o rosto ou será minha visão? Talvez minha visão é que seja mais sensível a belezas quando acordo. Mente vazia, percepção maior. Adoro esvaziar a mente, preciso voltar a meditar. Pseudo-meditar, nem sei mais. Nos tempos de hoje nada mais é o que parece se a gente reparar bem de perto. Problema é que eu sempre digo que vou fazer algo e nunca faço - anotar sonho, meditar... Resoluções estão sempre aí, procrastinando nossas frustrações. Como se fosse mudar um dia, né. Tô há 21 anos nessa, será que tem conserto? Ai, a fome tá doendo. Mas o que eu tinha sonhado mesmo? As lembranças parecem fumaça na minha cabeça agora, não faço ideia, tá sumindosumindo. Tinha a ver com carros, mas não lembro o quê. Esqueci mesmo a porra do sonho. Que vida previsível! Melhor sair da cama.

3 comentários:

Paulo disse...

a arte de escrever um texto descompromissado sobre si mesmo em 5 minutos, publicar no blog achando que é o máximo e no fundo esperando ser gongado quando na real o texto de fato é o máximo mesmo.

xD

Mariana Fernandes disse...

Poxa, eu fiquei meio intrigada, que o jeito que você escreve (nesse texto, eu não li outros)...sei lá... parece com o meu. Será que é uma coisa da nossa época? É tão legal pensar nisso.

Plinio Zuni disse...

Sabe, eu sou viciado em blogs, e uma decepção grande que tive desde que entrei na Letras foi com a baixa qualidade da maioria dos textos que eu li nos blogs da galera de lá. Por isso é um prazer imenso dizer que eu fiquei realmente impressionado com esse texto. É um fluxo de consciência simples, gostoso de ler, leve e e despretensioso, e ainda assim consegue levantar conceitos muito amplos. Vários pequenos trechos dariam outros contos imensos e interessantes. A sonoridade também é excelente. Realmente, me impressionou. Vou ler o resto do blog com gosto!

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